domingo, 6 de março de 2016

Shadow



Seguindo com a sombra latente
Morte que vaporiza o olhar
Queimou-se a última semente
Flutuei sozinho no mar

Esquecido no manto de mistério
Está a minha coragem
Não queria que isso fosse sério
Voltei aflito da viagem

Corri por milhar e sequei
Vivi pra ver cada lugar
Apanhei muito porque pequei
E me esqueci de mudar

Comecei a dar passos lentos
Dancei no meio do terror
Meus sorrisos eram meus inventos
Caí e levantei com furor

Me escondi atrás das árvore
Chorei para não ser visto
Você foi frio como mármore
Choro por não ser bem quisto

Aceitei a promessa da razão
De ver que a vida não sarou
Flechas cortaram o meu coração
Com minha miragem ele parou

Mors



O manto da noite cobriu o céu inteiro
Uma pitada de estrelas surgiu no infinito
A hora está marcada no ponteiro
De mãos dadas iniciamos o rito

O riacho toca a música cristalina
A minha alma fica completamente nua
O espelho d'água é a porta fina
Que me liga profundamente à lua

Banhado pela suave luz esbranquiçada
Levanto minhas mãos ao céu
Respiro vagarosamente a era passada
Enquanto ultrapasso cada fino véu

A fresca brisa noturna me eleva
Meus pés aos poucos deixam o chão
Minha eterna nostalgia me leva
Aonde meu sofrimento nunca é vão

Flutuando devagar sobre a floresta
Ouço o horizonte me chamando
Minha sede de descobrir é honesta
Do desconhecido vou me aproximando

sábado, 5 de março de 2016

Voz, você




O que importa é que se espalhe
Que o resto vire semente e cresça
O calor da explosão se dissipa
E o que é exótico se desfaz

A vida floresce, morre e renasce
A porta bateu com o vento e trancou
Nas janelas dançam as cortinas azuis
Com o vento que entra sem pedir licença

No meio de risadas e conversas calorosas
Os goles, cheiros e vapor de café
A mínima atenção a cada um dos detalhes
Do teu belo rosto onde quero descansar...

Contendo-me para não parecer tão louco
Perante o presente que seria teu amor
As nuvens correm e aqui em baixo tudo para
Com teu sorriso, olhar, mão, voz...

Quem me dera você me querer
Meu sonho é que você comigo sonhe
O relógio dos dias gira muito rápido
Não vai embora com o tempo, não!

Pego o caminho pra casa e imagino
Que tudo seja belo e bom e dure
O frio espírito do ar depois da chuva
Só confirma que desejo tua companhia...

terça-feira, 1 de março de 2016

Batalha transparente



Me sinto preso em meu próprio corpo
Desafio as sombras que de repente surgem
Quero tanto, mas tenho tão pouco!
Os sonhos dentro de mim rugem

Subo o estreito caminho na montanha
Tentando matar cada mau sentimento
Mas a minha cansada alma nunca ganha
E a brisa surge como um pequeno alento

Chego ao topo da ironia e do caos
Entro na velha casa de madeira
Iluminada pela lua e por gritos maus
Desço chorando pela íngreme ladeira

De cara fechada e olhos de horizonte
Meu corpo se fecha como uma semente
Meu choro quebrou de vez a ponte
Entre a esperança e a minha despedaçada mente

Acendo minhas velas esperando um toque
Preciso do máximo possível de fé
Mas olho pra realidade e levo um choque
Impossível continuar e se manter de pé

Aos poucos minha alma caminha devagar
Rumo ao oceano frio e desolado
Existem coisas que não tem como apagar
Permanecerei eternamente abandonado?